O MISTÉRIO DO ÁUREO FLORESCER
__________ O Desdobramento __________
( Capítulo - 17 )
Em se tratando de projeções do Eidolon e viagens supra-sensíveis fora do corpo físico, temos muito que dizer.
Nos instantes em que escrevo estes parágrafos, vêm a minha memória acontecimentos extraordinários, maravilhosos.
Repassando velhas cenas de minha longa existência com a rigidez de um clérigo na cela, surge Eliphas Levi.
Uma noite qualquer, fora da forma densa, andei por onde quis, invocando a alma daquele falecido que, em vida, se chamava abade Alfonso Luís Constans (Eliphas Lévi).
É óbvio que o encontrei sentado ante um velho escritório, no salão augusto de um antigo palácio.
Com muita cortesia se levantou de sua poltrona para atender, respeitosamente, a minhas saudações.
Venho pedir-vos um grande serviço, disse. Quero que me deis uma chave para sair, instantaneamente, em corpo astral cada vez que o necessite.
"Com muito gosto, respondeu o abade; porém, antes quero que me traga o senhor, amanhã mesmo, a seguinte lição: que é o mais monstruoso que existe sobre a Terra?"
Dái-me a chave agora mesmo, por favor... "Não! Traga-me o senhor a lição e, com muito gosto, dar-lhe-ei a chave."
O problema que o abade me havia proposto resultou convertido num verdadeiro quebra-cabeça; pois, são tantas as coisas monstruosas que existem no mundo que, francamente, eu não achava solução.
Andei por todas as ruas da cidade, observando, tratando de descobrir o mais monstruoso e, quando cria havê-lo achado, então, surgia algo pior; de repente um raio de luz iluminou meu entendimento.
Ah! Disse-me, já entendo. O mais monstruoso tem que ser, de acordo com a Lei da Analogia dos Contrários, o antipolo do mais grandioso...
Bem! Porém, que é o mais grandioso que existe sobre a dolorosa face deste aflito mundo?
Veio, então, a meu translúcido, a Montanha das Caveiras, o Gólgota das amarguras e o grande Kabir Jesus agonizando em uma cruz, por amor a toda humanidade doente...
Então exclamei: o Amor é o mais grandioso que existe sobre a Terra! Eureca! Eureca! Eureca! Agora descobri o segredo: o ódio é a antítese do mais grandioso.
Resultava evidente a solução do complexo problema; agora, é indubitável que devia pôr-me, novamente, em contato com Eliphas Lévi.
Projetar, outra vez, o Eidolon foi, para mim, questão de rotina; pois é claro que eu nasci com essa preciosa faculdade.
Se buscava uma chave especial, fazia-o não tanto por minha insignificante pessoa que nada vale, senão por muitas outras pessoas que anelam o desdobramento consciente e positivo.
Viajando com o Eidolon, ou duplo mágico, muito longe do corpo físico, andei por diversos países europeus, buscando o abade; mas este por nenhuma parte aparecia.
De repente, de forma inusitada, senti uma chamada telepática e penetrei numa luxuosa mansão. Ali estava o abade; porém...
Oh! Surpresa! Maravilha! Que é isto? Eliphas convertido em menino e metido em seu berço. Um caso verdadeiramente insólito. Verdade?
Com profunda veneração, muito quietinho, acerquei-me do bebê, dizendo: Mestre, trago a lição; o mais monstruoso que existe sobre a Terra é o ódio. Agora quero que cumpras o que me prometeste. Dá-me a chave...
Porém, ante meu assombro, aquele menino calava, enquanto eu desesperava sem compreender que o silêncio é a eloqüência da sabedoria.
De vez em quando, tomava-o em meus braços, desesperado, suplicando-lhe; mas, tudo em vão! Aquela criatura parecia a esfinge do silêncio.
Quanto tempo duraria isto? Não sei! Na eternidade não existe o tempo; e o passado e o futuro se irmanam dentro de um eterno agora.
Por fim, sentindo-me defraudado, deixei o menino em seu berço e saí muito triste daquela casa vetusta e solarenga.
Passaram os dias, os meses e os anos e eu continuava sentindo-me defraudado; sentia como se o abade não tivesse cumprido sua palavra empenhada com tanta solenidade; mas, um dia qualquer, veio a mim a luz. Recordei, então, aquela frase do Kabir Jesus: "Deixai que venham os meninos a mim, porque deles é o reino dos céus."
Ah! Já entendo, disse a mim mesmo. É urgente e indispensável reconquistar a infância na mente e no coração. "Enquanto não sejais como meninos, não podereis entrar no reino dos céus."
Esse retorno, esse regresso ao ponto de partida original, não é possível sem ter, antes, morrido em si mesmo; a Essência, a Consciência está, desafortunadamente, engarrafada em todos esses agregados psíquicos que em seu conjunto tenebroso constituem o ego.
Só aniquilando tais agregados esquerdos e sombrios, pode despertar a Essência em estado de inocência primordial.
Quando todos os elementos subconscientes tiverem sido reduzidos a poeira cósmica, a Essência é liberada. Então, reconquistamos a perdida infância.
Novális disse: "A Consciência é a própria Essência do homem em completa transformação, o Ser primitivo celeste."
Resulta palmário e manifesto que, quando a Consciência desperta, o problema do desdobramento voluntário deixa de existir.
Depois que compreendi, a fundo, todos estes processos da humana psique, o abade, nos mundos superiores, fez-me entrega da parte segunda da chave régia.
Certamente, foi esta uma série de mântricos sons com os quais pode uma pessoa, de forma consciente e positiva, realizar a projeção do Eidolon.
Para o bem de nossos estudantes gnósticos, convém estabelecer, de forma didática, a sucessão inteligente destes mágicos sons.
a)Um silvo longo e delicado, semelhante ao de uma ave.
b) Entonação da vogal "E" (eeeeeeeee), alongando o som com a nota Ré da escala musical.
c) Cantar o "R", fazendo-o ressoar com o Si musical, imitando a voz do menino em forma aguda; algo semelhante ao som agudo de um molinilho ou motor demasiado fino e sutil (rrrrrrrrrrr).
d) Fazer ressoar o "S" de forma muito delicada como um silvo doce e aprazível (ssssssssss).
Esclarecimento: o ponto "a" é um silvo real e efetivo. O ponto "d" é só semelhante a um silvo.
ASANA.
Deite-se o estudante gnóstico na posição de homem morto: decúbito dorsal (boca para cima).
Abram-se as pontas dos pés, em forma de leque, tocando-se pelos calcanhares.
Os braços ao longo do corpo; todo o veículo físico bem relaxado.
Adormecido, o devoto, em profunda meditação, cantará muitas vezes os mágicos sons.
ELEMENTAIS
Estes mantrans se encontram intimamente relacionados com o departamento elemental das aves e é ostensível que estas últimas assistirão ao devoto, ajudando-o, efetivamente, no trabalho de desdobramento.
Cada ave é o corpo físico de um elemental e estes sempre ajudam o neófito, na condição de uma conduta reta.
Se o aspirante anela a assistência do departamento elemental das aves, deve aprender a amá-las. Aqueles que cometem o crime de encerrar as criaturas do céu em abomináveis gaiolas, jamais receberão essa ajuda.
Alimentai as aves do céu; convertei-vos em libertadores dessas criaturas; abri as portas de suas prisões e sereis assistidos por elas.
Quando eu experimentei, pela primeira vez, com a chave régia, depois de entoar os mantrans, senti-me vaporoso e ligeiro como se algo houvesse penetrado dentro do Eidolon.
É óbvio que não aguardei que me levantassem da cama; eu mesmo abandonei o leito; levantei-me voluntariamente e, caminhando devagarinho, saí de casa; os elementais inocentes das aves amigas, metidos dentro de meu corpo astral, ajudaram-me no desdobramento.
CONCLUSÃO
Temos exposto, pois, no presente capítulo, os dois aspectos fundamentais da chave régia.
O pleno e absoluto desenvolvimento destas duas partes da grande chave, permitir-nos-á desdobrar-nos, à vontade, de forma consciente e positiva.
Aqueles que, de verdade, anelem converter-se em experimentadores das grandes realidades nos mundos superiores, devem desenvolver, dentro de si mesmos, os dois aspectos da grande chave.
Samael Aun Weor
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